quarta-feira, 26 de outubro de 2011

"Os Ilhéus"

Boa tarde.

Encontrei por acaso essa fábula no email da minha professora de Introdução a Filosofia. Nem dei muita bola, mas quando comecei a ler achei genial. É uma mistura de um texto de ficção científica, texto de filosofia e um texto de religião.

A fábula foi escrita por Idries Shah, autor e mestre da tradição do sufismo, que consiste na corrente mais voltada à mística do Islamismo.

O texto conta sobre um povo, chamado El Ar, que descobre que sua terra se tornará inabitável por muitos e muitos anos, e por isso, foge para uma ilha. Apesar das semelhanças com a terra natal, a nova terra é bem diferente, o que força a uma adaptação às novas condições e um esquecimento da vida passada.


O interessante que acontece é que parte das pessoas passam a desejar voltar ao antigo lar e desenvolvem, assim, maiores habilidades e conhecimentos marítimos para que fosse possível. Mas daí desenrola uma grande rivalidade: parte do povo diz que não é preciso sair da ilha e que os navios que os outros tanto falam nunca nem foram vistos. "Arte, ofício, baraka, tolices!”, dizem os contrários à volta.

Segue-se então que se instala no povo o ideal de que um navio é algo "desagradável", "ruim", "loucura", "mania", e a sua construção um crime, algo repugnante. Deitar no chão e deixar uma outra pessoa ensinar a mexer os braços até aprender a nadar é considerada uma forma de "instrutores" dominarem incrédulos; uma epidemia, e por aí vai.

A maneira que a fábula conta sobre o voltar do homem pra Deus é impressionante, e de relativamente fácil compreensão para quem lê. Eu recomendo muito a leitura.

* Ilustração por Albino Kraken.

domingo, 2 de outubro de 2011

"The Wonderful Wizard of Oz"



Pessoalmente, acho "O Maravilhoso Mágico de Oz" simplesmente maravilhoso. E essa adaptação da Marvel superou toda a minha admiração pela história. Escrito por Eric Shanower, a história em quadrinhos procurou homenagear a grande obra de Frank Baum de forma bela, única e fiel.

Achei extremamente cativante e bonito. Em relação ao visual, não apenas o traço é lindo, mas especialmente as cores. O colorista Skottie Young fez um trabalho estupendo. Foi até difícil escolher quais imagens colocar aqui.


Em relação ao enredo, gostei muito porque mostrou facetas que não são retratadas no filme de Victor Fleming, por exemplo. É mais profunda. Todo mundo conhece, mas se trata de uma garota de Kansas, chamada Dorothy, que acidentalmente voa para a mágica Terra de Oz de sua casa, caindo em cima da Bruxa Má do Oeste. A partir daí ela encontra e ajuda interessantes seres, mas o que ela mais quer mesmo é voltar para seu lar.

Comprei e não me arrependi. Tem a continuação também, que infelizmente ainda não li. Se intitula "The Marvelous Land of Oz", também da Marvel Classics. Bom, se você admira o clássico, leia.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

"Laranja Mecânica"

Depois de um bom tempo sem aparecer, aqui estou eu novamente dando as caras no blog com com uma ficção científica. Dessa vez, venho recomendar "Laranja Mecânica".

Bom, o livro escrito por Anthony Burgess é na verdade mais conhecido pela sua famosa e icônica adaptação ao cinema, dirigido pelo grande Stanley Kubrick, em 1971.

Em resumo, conta a história de Alex, um líder de gangue em uma Londres futurista, que choca o leitor com seu puro prazer por ultraviolência, cometendo espancamentos, estupros e assaltos por mera diversão. O que acontece é que Alex passa dos limites, e a única maneira de sair do buraco em que ele se enfiou é aceitar ser cobaia de uma rigorosa experiência social do governo para eliminar tendências criminosas.

Achei interessante o modo do governo responder às atitudes violentas dos jovens das gangues: com um método tão agressivo, desumano e doloroso quanto os próprios atos de Alex. O método aplicado ao personagem é tão cruel e lastimável, que ele perde praticamente seu livre arbítrio, tornando-se refém de si mesmo.

Tem que ler para saber exatamente o que foi esse processo para o personagem e o que isso causou a ele e à toda a sociedade.

Uma coisa que digo é que vale muito a pena ler o livro e não apenas ver o filme. Por uma simples razão: o autor cria uma "linguagem" única chamada nadsat usada pelas gangues de Londres. Dessa forma, soma-se mais um impacto na leitura de grande estranhamento às palavras, além do grande choque à crítica do livro e temática abordada.

Quando comecei a ler achei extremamente bizarro. Palavras como "druguis", "horrowshow", "devotchka" e "skorre" enchem os parágrafos das páginas, não apenas tornando o livro mais interessante, mas especialmente mais inquietante. Eu realmente espero que seja tão bom pra você quanto foi para mim ler essa obra, de verdade.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

"Elogio da Loucura"

Boa madrugada,

Escrito pelo teólogo Erasmo de Rotterdam, o breve livro é narrado pela própria Loucura, que é personificada a fim de exaltar seus benefícios para a sociedade e mostrar como é essencial para a vida.

Não quero falar demais sobre o conteúdo porque acho que realmente vale muito a pena ter uma experiência direta/pessoal com o texto. Mas, é mais ou menos o seguinte: já que a humanidade não reconhece a Loucura pelas maravilhas que ela proporciona, a própria faz elogios a si mesma.

É do tipo de livro que tem que ler com uma caneta na mão, porque vai dar muita vontade de grifar vários trechos bacanas. Faz relação com amor, amizade, política, mitologia e, principalmente, com religião. Não são poucas as citações da Bíblia. Creio que isso se deve muito ao passado do autor: filho de um relacionamento ilícito entre um padre e uma moça, que abraçou o sacerdócio quando jovem.


Observando todo o sistema religioso católico, Erasmo criticou vários teólogos e sociólogos em prol de uma reforma interna da religião (porém, em discordância com a reforma protestante). Então, acho que foi em consequência dessa situação de crítica que ele escreveu o ápice de sua literatura satírica com o "Elogio da Loucura".

"Aquele dentre vós que se julga sábio, que ele abrace a loucura para encontrar a sabedoria". Recomendo e muito a leitura. O livro tem menos de 150 páginas e é facilmente encontrado na versão pocket, que é prático e mais barato.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

"Electric Ant"


Nem gosto tanto da Marvel, mas nesse caso se trata de um graphic novel inspirado pelo conto de mesmo nome do Philip K. Dick, que julgo ser um dos melhores, se não o melhor, autor de ficção científica cyberpunk. O que eu li até agora do cara me encantou.

A história se inicia com Garson Poole, chefe de uma importante empresa, acordando de um acidente em uma sala de hospital. Dizem que ele não pode ser atendido lá. E o porquê choca o Poole, ele não pode ser atendido por não ser humano. É nessa hora que ele descobre toda a sua visão de si mesmo estava equivocada, ele é uma máquina orgânica, um "electricant".

E é a partir desse momento que ele começa a questionar toda a realidade ao seu redor e do seu interior, consciente e inconsciente. Será que sua amante é realmente uma pessoa real que o ama, ou será que é apenas parte do seu programa para que fique satisfeito? Para o quê ele foi de fato criado? Suas memórias são reais? Saber disso fará alguma diferença?

Ao lado de Sarah Benton, sua amante e colega de trabalho, ele tenta compreender como o corpo dele funciona, e acaba descobrindo formas de manipular o tempo e alterar a frequência de onda do próprio "cérebro". O lance é que Poole está evoluindo, e querem o matar.

Não posso contar mais, infelizmente. Deixo pra vocês lerem agora. A história é muito boa e a arte interna é ótima também. Um fato que acho que vale a pena ressaltar é que a HQ tem apenas 5 edições, ou seja, é rápido (ao contrário de muitas histórias em quadrinhos que parecem ser intermináveis). Ah, contém conteúdo adulto.

* Relevem possíveis erros gramaticais: estou com um pouco (bastante) de sono.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

"American Vampire"

Depois de um bom tempo sem postar, resolvi escrever sobre uma hq aqui. Em dezembro comprei e li três, e o que eu mais gostei foi American Vampire. A história foi criada pelo Scott Snyder, mas tanto ele quanto o famoso Stephen King escrevem.

É uma graphic novel para os que estão cansados do rumo que as histórias vampirescas tomaram e do estereótipo de vampiros europeus que só andam no escuro. A proposta da hq é: sangue. Vampiros que matam por sede e raiva, que caçam, que não se cansam do gosto de uma vida tomada. Traz uma nova espécie: o vampiro americano.

Bom, não se assustem. Não é pesado não. É na medida certa para cumprir seu propósito. E a composição é excelente. Os capítulos são divididos em duas histórias interligadas, cada uma com um traço diferente do excelente desenhista brasileiro Rafael Albuquerque.

A primeira história conta sobre uma aspirante a atriz que é salva pelo primeiro vampiro western que existiu, o Skinner Sweet. A segunda é narrada por um velho que presenciou acontecimentos assustadores com o vampiro em tempos passados.

O velho decide escrever seu único romance sobre o que aconteceu; e cerca de 40 anos depois, conta a veracidade de sua história ao mundo: de que o personagem do seu livro "Bad Blood" não é fictício, mas que o conheceu com seus próprios olhos.

Recomendo para os que são maiores de 16 anos e querem ler sobre vampiros de verdade. Melhor ainda, vampiros inovadores. O desenho é lindo e traz de volta o caráter violento dessa espécie com toque western americano. Suas páginas são cheias de vida, e também de morte.