Boa tarde.
Encontrei por acaso essa fábula no email da minha professora de Introdução a Filosofia. Nem dei muita bola, mas quando comecei a ler achei genial. É uma mistura de um texto de ficção científica, texto de filosofia e um texto de religião.
A fábula foi escrita por Idries Shah, autor e mestre da tradição do sufismo, que consiste na corrente mais voltada à mística do Islamismo.
O texto conta sobre um povo, chamado El Ar, que descobre que sua terra se tornará inabitável por muitos e muitos anos, e por isso, foge para uma ilha. Apesar das semelhanças com a terra natal, a nova terra é bem diferente, o que força a uma adaptação às novas condições e um esquecimento da vida passada.
O interessante que acontece é que parte das pessoas passam a desejar voltar ao antigo lar e desenvolvem, assim, maiores habilidades e conhecimentos marítimos para que fosse possível. Mas daí desenrola uma grande rivalidade: parte do povo diz que não é preciso sair da ilha e que os navios que os outros tanto falam nunca nem foram vistos. "Arte, ofício, baraka, tolices!”, dizem os contrários à volta.
Segue-se então que se instala no povo o ideal de que um navio é algo "desagradável", "ruim", "loucura", "mania", e a sua construção um crime, algo repugnante. Deitar no chão e deixar uma outra pessoa ensinar a mexer os braços até aprender a nadar é considerada uma forma de "instrutores" dominarem incrédulos; uma epidemia, e por aí vai.
A maneira que a fábula conta sobre o voltar do homem pra Deus é impressionante, e de relativamente fácil compreensão para quem lê. Eu recomendo muito a leitura.
* Ilustração por Albino Kraken.